A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Divisão de Combate aos Crimes Rurais e Abigeato (DICRAB), deflagrou entre os dias 19 e 22 de maio a Operação Semente Segura, em ação conjunta com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. O resultado foi expressivo: 384 toneladas de sementes ilegais de forrageiras e soja foram apreendidas, além de defensivos agrícolas armazenados de forma irregular. O prejuízo causado ao crime organizado ultraa os R$ 3 milhões.
Receba nossas notícias pelo WhatsApp
Em entrevista à Rádio São Luiz, o delegado Heleno dos Santos, diretor da DICRAB, detalhou a operação e os impactos dessa atividade criminosa. “É um trabalho que já vem sendo realizado há algum tempo. Quando atuei em São Luiz Gonzaga, também realizamos ações contra a pirataria de sementes. Agora, como diretor da DICRAB, intensificamos o combate em todo o Estado”, explicou.
Segundo o delegado, o Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional de pirataria de sementes e enfrenta uma verdadeira rede criminosa que lucra com a venda de produtos sem origem, fiscalização ou qualquer garantia de qualidade. “É um problema muito sério, que envolve questões econômicas, ambientais, sanitárias e tributárias. Estimamos que esse tipo de crime cause um prejuízo anual superior a R$ 1 bilhão só no nosso Estado”, afirmou Heleno.
As ações da Operação Semente Segura foram concentradas nas regiões de o Fundo, Soledade e Lagoa Vermelha, localidades com alto índice de comercialização irregular. Durante as diligências, os agentes localizaram grandes quantidades de sementes piratas escondidas em silos, depósitos e até empresas que aparentavam legalidade. Além das sementes, foram encontrados agrotóxicos estocados em desacordo com a legislação, o que representa risco ambiental e à saúde pública.
“Essas sementes não têm controle de qualidade. Elas podem prejudicar o meio ambiente, comprometer lavouras inteiras e não recolhem nenhum tributo. Enquanto isso, produtores sérios, que pagam impostos e geram empregos, veem-se prejudicados pela concorrência desleal”, destacou o delegado.
Heleno também chamou a atenção para o impacto social e econômico da operação. “Se permitirmos que os pirateiros de sementes continuem atuando livremente, enfraquecemos empresas que são pilares da economia regional. Muitas dessas empresas são as maiores geradoras de ICMS que retornam para municípios como São Luiz Gonzaga. Com o combate ao crime, fortalecemos essas iniciativas legais que sustentam empregos e desenvolvem a região”.
A operação, no entanto, não encerra por aqui. Segundo o delegado, o trabalho continuará em outras regiões, incluindo o noroeste gaúcho e áreas como Santo Ângelo, Santa Rosa, Ijuí e São Luiz Gonzaga.
O delegado Heleno também fez um apelo à população, especialmente aos produtores rurais, para que estejam atentos e colaborem com as autoridades. “É fundamental desconfiar de produtos com preços muito abaixo do mercado e de fornecedores desconhecidos. O produtor deve exigir nota fiscal, procedência e registro das sementes”, alertou.
Denúncias podem ser feitas anonimamente à Polícia Civil, inclusive por meio do WhatsApp das delegacias regionais. “A ajuda da população é essencial. Só com informações precisas conseguimos chegar até os responsáveis por essas redes criminosas”, concluiu o delegado.
Fonte: Rádio São Luiz